domingo, 27 de janeiro de 2019

O poder dos tardígrados


O filo tardígrado é um dos mais incríveis da natureza. Seus representantes microscópicos são capazes de sobreviver ao vácuo do espaço, a radiação ultravioleta e temperaturas extremas como a -200 graus Celsius e +150 graus Celsius. Eles também voltaram a vida após serem submetidos a mais de 40.000 quilopascals de pressão e quando colocados em altas concentrações de gases sufocantes (monóxido de carbono, dióxido de carbono, nitrogênio, dióxido de enxofre).
Os atributos de sobrevivência dos tardígrados são, de fato, bastante apropriados para um organismo que se abriga em musgos e líquens (briófitos), visto que estes lhes proporcionam apenas uma fina camada de proteção.
Mas o que confere tanto poder aos tardígrados?
É o que a imagem nos mostra:
Nessa imagem um tardígrado se encontra em estado de latência. Esse estado no qual os processos metabolismo são suspensos, é conhecido por criptobiose. Esses animais podem permanecer nesse estado até que as condições ambientais melhorem. Isso confere resistência para sobreviver a ambientes extremos. 
Na criptobiose, causada por extrema dessecação, a atividade metabólica é paralisada devido à ausência de água líquida. Dessa maneira, para suspender o seu metabolismo o organismo perde até 97% da umidade do corpo e se encolhe em uma estrutura menor do que seu tamanho original, provavelmente em torno de um terço. Nesse estado, a criptobiose é chamada anidrobiose - que significa vida sem água.
A anidrobiose e a criobiose levam à formação de tonéis, mas não são equivalentes - são mecanismos diferentes de proteção contra diferentes agressões ambientais.
Os tardígrados podem entrar em anidrobiose algumas vezes durante o ano. A perda de agua pelo organismo ocorre lentamente e então o animal encolhe suas pernas e sua cabeça se enrolando, o que minimiza a área da superfície. Quando quase toda a sua água interna foi retirada, o tardígrado se encontra em anabiose, um estado seco de animação suspensa. Nessa forma, o animal é quase um pó composto dos ingredientes da vida. Dessa maneira os tardígrados conseguem se preservar até que quando reidratados pelo orvalho, chuva ou neve derretida, podem retornar ao estado ativo dentre alguns minutos a algumas horas.
Na criobiose, outra forma de criptobiose, o animal sofre congelamento, mas pode ser revivido. Qualquer temperatura abaixo do ponto de congelamento do citoplasma da célula suprime a mobilidade molecular e, portanto, suspende o metabolismo. Altas temperaturas de congelamento podem causar rupturas estruturais, no entanto os tardígrados, conseguem sobreviver ao frio extremo. Provavelmente o que confere resistência ao frio é a liberação ou síntese de crioprotetores. Esses agentes podem controlar a temperatura de congelamento do tecido, desacelerando o processo e permitindo uma transição menos prejudicial para a criobiose, além de suprimir a formação de cristais de gelo não compatíveis com o subsequente descongelamento.
Assim, devido a suas propriedades esses animais são bem estudos pela ciência e são alvo de pesquisas no espaço, sendo que cada experimento nos leva a descobertas incríveis. Se temos algo a aprender sobre sobrevivência os tardígrados tem muito a nos ensinar. 
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